segunda-feira, 27 de julho de 2015

Dis(a)tração.

Tem gente que nos atravessa com o que não se pode ver. O olhar, a presença, o afeto, a química, a atenção. Um corte transversal: intenção. Atração que distrai a razão e trai os instintos.

Os poucos fios de cabelo branco em sua barba levaram consigo todas as minhas intenções. As boas, as más, as mais ou menos. Todas. De repente estavam agarradas com cada detalhe que meus olhos poderiam devorar. Deram um nó desgrenhado como seus cabelos e eu me deixei ser preso por aquele sentimento incomodamente bom.

Até aí, nada irremediável. Passamos mil vezes na vida por pessoas que despertam as atenções do corpo. Só que aí nos demos. Trocamos falhas e graças, segredos que todos sabem e humildes demonstrações de que somos alguém no mundo.

Toques no ombro querendo que você se toque. Incinerava-me com suas ideias. Libertava as risadas que estavam presas na garganta e as borboletas que quase me faziam levantar voo.

Estou aqui: atravessado, trançado, homem nu vestido de afeto. Dois iguais, mesmo sexo, querer e jangada. E se tem que ser algo, que seja tesão, porque o amor não "é", ele acontece.

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