sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Amor Frankenstein

Todo começo de amor é assim. Esperança, medo, lições de amores passados, regados pela tentativa de não ficar dando força a algo que provavelmente não é o que pensamos. Friozinho na barriga? Check. Saudade inexplicável que faz você mandar uma mensagem e se arrepender instantaneamente? Check. Vontade de contar pros amigos, mesmo sabendo que eles vão dizer "segura a onda", pois conhecem tanto você quanto todas as histórias horríveis de ex-casos que não deram certo? Check.

Mas neste carnaval pressinto que a melhor fantasia vai ser a mistura de todas as utopias escondidas em uma caixa qualquer na nossa mente. Vai rolar química, paixão, ciúme e desapego total, um mix de colombina com Cinderela, com havaiana e com aquela menina que não foi fantasiada, mas que despertou mais coisas do que Freud poderia explicar.

Nesse mix de acessórios, purpurina e confete, em meio a fantasias, metafóricas ou não, o começo de um novo amor é o descomeço de outros, ou até sua continuação, se não tomarmos cuidado. É uma alegoria que vem com potencial para mudar este e outros carnavais, mas que pode nem chegar na quarta-feira de cinzas.

Ah, se o Dr. Frankenstein soubesse que ainda cria vidas por aí, voltaria, pelo menos em fevereiro, pra prestigiar a mistura de ex-amores (mascarados ou não), vendo-os se transformar em projetos de ter alguém pra nos acompanhar o ano inteiro. Viva o carnaval!

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Tristeza triste

Às vezes a tristeza não é triste. Ela vem pra nos acompanhar em um dia vazio, como uma velha amiga que não encontramos há tempos. Sem choro ou lamúria, vem como um desassossego, desaforo para mexer o esqueleto.

E que bobagem tentar rejeitá-la, ignorá-la ou fazer de conta que não existe. A gente precisa mais é abraçar o que sente. No caso dela, abraçá-la como em uma despedida, deixá-la ir e vir como visita, para que possamos sentir como é tê-la longe. Se a ignoramos, prolongamos sua estada até que consiga de alguma forma se fazer notada.

O maior perigo da tristeza se dá se ela sumir de vez, sem chances de voltar. Aí já é sinal que, de tão familiar, já faz parte de nós, já está lá, como um segundo par de ouvidos que potencializa qualquer zunido em grito.

Enquanto estiver aqui, recebo de colo aberto a saudade que sentirei quando chegar a hora dela ir. Mas é daquelas saudades boas, que se dão quando alguém muda de planeta para ser algo melhor.