quarta-feira, 24 de julho de 2013

Avesso

Olhar dentro da caixa
Emitir o que não contém

Saber a verdade
Saber a mentira

Medir o tamanho do vazio
Ter medo da alegria
E fugir com coragem

Envelhecer
Ser jovem
Morrer enquanto vive

Viver é desvirar o avesso

Pra ver se o sentido muda com a figura
E muda
E não muda
E procura o original

Subir pra descer
Gritar pra pedir silêncio

A vida é o eco da razão
Procurando ajuda
É fugir da loucura na filosofia
E desencontrar(-se) diariamente.

A vida é a eterna descoberta do avesso.
A vida é avessa
A vida atravessa
E não é vida
É pura contradição cósmica.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

tradições

Não podia ir pra cama sem um copo de café. Pra ela, nem xícara, nem leite.
Era a rotina, presa em suas próprias contradições.
Mantinha seus eventos cotidianos sem despertar.
Pra ela, viver dormindo evitava que o cotidiano fosse real. 

Saía antes pra poder se atrasar.
E nas gavetas organizava tudo para que a bagunça tivesse lugar.
Gostava de ficar ao sol porque sentia frio. Corria estática, não estética.
Pra ela, nem maratona, nem manhã.

Às vezes o pior cansaço se dava por todas as coisas que não realizava. 
Todas as vontades que não têm lugar cansam.
O cansaço vinha diariamente para que ela tivesse tempo de sonhar.
E aí, no sonho, realizar era mais fácil do que abrir os olhos.

Pra ela, suas mãos não era suas.
Como quando sonhava que era ela, mas não era.

E não pense que é por preguiça que ela fica assim, sonoramente sonolenta.
Não era culpa do mundo, da direita ou da esquerda. Não havia culpa. 
Havia ela.

E ela era assim, uma tradição ensimesmada da contradição do todo.
Era minoria e por isso era todo mundo. Não chegava nem a ser ninguém.
Era nada. Pra ela, nada.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Komodo

De todos os pensamentos que me pegam em fase nenhuma, um prevalece:

A vida é incômodo.
Então, incomodo.

Se for desagrado, que seja.
Se for amor, melhor.

Não sou de me pegar no colo, mas vez em quando acaricio o ego.