sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Efeito

"Às vezes eu queria ser amor, para ter certeza de que você seria completo, se comigo.
Às vezes eu queria ser carinho, para ter certeza de que você não se sentiria sozinho ao meu lado.
Às vezes eu queria ser mentira, para saciar o desejo que temos de experimentar o errado.
Às vezes eu queria ser segurança, para ter a certeza de que você não iria embora por medo."

Logo depois desse pensamento, percebeu que não são motivos para não ir embora que constroem relações, são as loucuras inexplicáveis que fazem alguém ficar.

Você já causou efeito em alguém hoje?

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

vezemquando

Vez em quando gritava uma vontade enorme de cantar, dançar, atuar, amar.

Como eu queria ter coragem de ser o que eu sou.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Passaporte para dentro da alma

A passagem foi tão clara na ida, sem empecilhos, obstáculos ou dobradiças.
A volta estava entre grades, acorrentada aos medos e anseios e dores do adeus.

São pensamentos ou memórias que ficam impregnados aos nossos olhos?
Passaportes para dentro da alma de tão fácil acesso, mas difícil desvendamento.
E o encantamento que possuem é quase místico.
Imperceptíveis, poderosos, justos.

Às vezes são eles que dizem as palavras.
Às vezes são portadores do amor do mundo.
A esperança?
A esperança nunca os abandona.

Aí imaginam ou trazem a imagem:
Dois, doeu.
Já eram dois, o errado era eu
Se percebem; se queixam e mudam o foco.

A alma, tão nua, percebe que não tem jeito:
É lá que a defesa falha, que o corpo toma conta -
O olhar é realmente seu pior defeito.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Exceção

Mania de querer exceder.

Porque eu insisto quando alguém nega minha ajuda?
É muito egocentrismo achar que eu consigo fazer a diferença na vida de quem é indiferente.
Porque eu me excedo quando o mediano seria mais do que o suficiente?
É muita vontade para pouca causa.
Porque eu insisto em amar quem não pede?
É muita teimosia em acreditar no humano.

Eu me excedo um tanto que me faz mal.
Aí me canso e resolvo dizer adeus, por um dia.

Um dia de exceção em que me agarro ao meu egocentrismo, à minha teimosia e à minha vontade e deixo de lado esses sentimentos que habitam o outro. Só que dura pouco, aí mora a minha fraqueza.

No meio de toda essa fadiga, percebo que a mediocridade não faz parte de mim.
Se isso me faz exceção entre os que me ferem e me separa de quem eu não admiro, então tudo bem.

Que essa exceção seja a minha regra.
Que eu deite a minha cabeça em pedras, mas com a certeza de quem fiz o meu melhor para com o mundo que vivo, as pessoas que amo (mesmo aquelas que acham que não precisam de amor) e a fé que tenho.

A minha verdade é maior que qualquer cansaço, qualquer derrota.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Era uma vez...

Era uma vez um porquinho e três lobos (se são maus ou não, fica a seu critério).

O porquinho estava em sua casa, lendo um livro quando o primeiro lobo bateu em sua porta e perguntou:
- Porquinho, posso entrar? Aqui fora está tão frio...
O porquinho, bom como era, sentiu pena do lobo e o convidou para entrar.
O lobo se acomodou na cadeira preferida do porquinho, pegou seu livro e começou a ler.
Como o porquinho nunca tinha recebido nenhuma visita, resolveu deixar o lobo fazer o que quisesse e se acomodou em outro canto. As horas foram passando, os dias foram passando e a liberdade do lobo encolhia todos os desejos do porquinho.
O lobo, mal acostumado, nem percebia o quanto incomodava e machucava o porquinho até o momento que o porquinho resolveu fazer e sonhar como desejava. O lobo incomodadíssimo com a mudança, nem argumentou, foi embora sem mais nem menos. No começo como que abstêmio de seu visitante, o porquinho se sentiu culpado, mas logo percebeu que só estava respeitando seu espaço, afinal não há nada de errado nisso, não é mesmo?

Passado um tempo, devido às movimentações que acontecem de encontros e freqüências, um outro lobo apareceu. Dessa vez, o lobo convidou o porquinho para sair de sua casa. Surpreendido, o porquinho foi como se fosse a primeira vez que veria o mar.
O lobo mostrou seu mundo, explicou como gostava das coisas e pediu que o porquinho ficasse. O porquinho deslumbrado se sentiu honrado com o convite e ficou, adaptando-se aos gostos do lobo. Ele nem percebeu que estava abandonando a casinha que tinha construído e a estrutura das coisas como gostaria que existissem.
Com o passar do tempo, porque as coisas são assim, o porquinho percebeu que não havia necessidade em deixar de lado o que ele era por um lobo com manias estranhas, afinal não há nada de errado em mater sua essência, não é mesmo?
Resolveu então que iria embora para que pudesse se reencontrar. O lobo gritou e falou que as coisas tinham que ser do jeito dele e o porquinho percebeu que as coisas tem que ser como são, não precisam seguir desejos nem movimentos.

O porquinho voltou par sua casa cansado.
O caminho foi tortuoso, mas percebeu que sua casa estava aumentando. Primeiro com o espaço que ele percebeu importante depois dos exageros do primeiro lobo, segundo por ter reparado na importância de manter o lado de fora em seu lugar. Pintou os novos muros com palavras de defesa e evitou novos tijolos.

De súbito apareceu um lobo diferente, que conversou com o porquinho através da porta, nem dentro, nem fora. O porquinho achou impressionante a liberdade que este lobo estava dando a ele e ficou totalmente arrebatado. Manteve as coisas como estavam, totalmente satisfeito e feliz como nunca havia se sentido, até que o lobo resolveu entrar.
Entrou e fez uma bagunça, quebrou coisas irremidiáveis e o porquinho o trancou para fora. O lobo vendo que o porquinho havia fechado todas as entradas, soprou, soprou, soprou e derrubou as estruturas que o porquinho tinha construído. Acreditando que não tinha escolha, o porquinho permitiu que o lobo ficasse mais um tempo. Este que queria manter seus privilégios, construiu muros de ilusão e aprisionou muito bem o porquinho em sua própria vontade.


Em um dia nublado o porquinho disse:
- Vá embora.
O lobo, esperto como era, disse:
- Embora da onde se tudo o que você tem agora, fui em que construí?
Sem demora o porquinho disse:
- Sabe lobo, eu descobri que não são os muros que construímos ao nosso redor que fazem a nossa fortaleza, mas sim o que construímos dentro da gente. Com o primeiro lobo que bateu a minha porta eu aprendi que não é errado respeitarmos o que somos e nossos limites, expulsando o que não deve nos pertencer. Com o segundo lobo, que me levou para fora de minha fortaleza, eu aprendi que não importa quem peça que mudemos, nada é mais importante do que a nossa verdade e a nossa essência.
- Mas quando você decidiu me mandar embora? - indignou-se o lobo
O porquinho, assustado com sua própria serenidade, falou:
- Muito obrigado por ter me ensinado que não importa quantas vezes nossos muros e defesas sejam derrubados, nossa alma, nossa integridade e força jamais cederão... é só ficarmos atentos aos nossos sinais e intuições. Acabei de perceber, então, que quem deve abandonar algo sou eu. Quem precisa das mudanças, sou eu. Quem deseja respeitar-se, sou eu. Então, querido lobo, obrigada por me ajudar a perceber que devemos ser a mudança que queremos ver, se estamos mal com algo somos nós que temos que abandonar esse algo e não tentá-lo fazer nos abandonar.

O porquinho foi embora feliz com sua descoberta: o amor é para ser partilhado e a dor curada por nós mesmos. Ninguém virá nos salvar nem arrumar nossas vidas. Que sejamos os primeiros a nos oferecer o que queremos receber do mundo.