segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Você

Eu tenho um segredo escondido. Quase que até de mim ele passou sem ser percebido.
É algo que tem a ver com a minha vontade de sair da cama, com o silêncio que não me incomoda mais, com o desejo de ser mais.

Está envolto em várias camadas de disfarces e negações. Em um lugar de difícil alcance.
Lá estão enterradas vontades, medos, passagens. Quem vê pela superfície acha que é orgulho (ou a falta dele). Disfarço bem.

Habita em um lugar ermo, mas ao mesmo tempo cheio de luz. Própria.
Reflete horizontes de contos de fadas e procrastinações acadêmicas.
Alimenta-se de si e produz a si mesmo.

Esse segredo é autoimune, autoral, automático. Mas não tem nada a ver comigo, pelo menos não diretamente. Ele existe em um espaço que foi tomado em mim, que pouca gente pode ver.

Esse segredo é amparo disfarçado de amor.
Calma em riso e retorno em despedida.

Eu tenho um segredo sem ter: você.

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