terça-feira, 5 de maio de 2015

Raso

Olhando de cima, não dava pra ver a profundidade. Resolveu testar a temperatura da água, como quem não quer tudo, e se deparou com o fundo nada fundo.

Era raso.
Gente rasa não se preocupa, não faz promessas.
Gente rasa vaza antes de que se chegue ao fim.

Não dá pra entrar de cabeça em gente rasa. É impossível mergulhar onde só cabem os pés - a não ser que procure um amor paraplégico.

Não enfiam os pés pelas mãos. Cada parte do seu corpo está onde (não) deveria. Sem atrevimento, com boia no braço.

Gente rasa não tem medo de se afogar. E sem medo não há coragem.
Gente rasa precisa de pirotecnia no sexo e não cria intimidade: tem que ir muito fundo pra ser íntimo. E lá, às vezes não tem luz. Gente rasa tem medo do escuro.

Mas gentes rasas também amam e são amáveis. Cativam e são cativadas. Dão risada. Fazem piada. E se apaixonam.
A única questão é: quão fundo você quer ir?

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