terça-feira, 20 de outubro de 2015

De novo

Eu vou pro Rio pra te esquecer.
Lá eu vou achar um moreno tatuado que estará disposto a fazer tanto ou mais estrago que você.
No meio do carioquês eu vou me lembrar de que a gente adorava sotaques. E pode ter sido por isso que não demos certo. Digo, por sermos do mesmo lugar, eu e você.

Ah, deixa pra lá.
Deixa pros cantos, pras quinas e seus encontros com dedinhos do pé, pras ondas, pros grãos de areia. Eles resolverão a situação do meu coração que se apequenou, tentando fugir de você.

Eu lembro do dia em que te aceitei de novo e jurei que ia ser a última chance.
E foi.
Só que às vezes eu penso que talvez só mais umazinha seria o suficiente pra gente se entender. Mas entender o quê? Se nem fomos, quem dirá voltamos.

Bom, a passagem já está comprada. Vou pro Rio ao entardecer de uma sexta-feira. A não ser que você queira me ver. Aí eu ligo pra companhia aérea, brigo com a moça do atendimento (polidamente, pode deixar) e aceito a contra gosto meus 40% de volta. Mas eu sorrio. Sorrio porque eu vou te ver.

Então você não vem.
E eu penso: ainda bem que só ensaiei ligar pra cancelar a passagem. Era só um delírio do meu coração, uma ideia que joguei pro universo pra ver se ele arranjava esse encontro. Esse eu e você de novo.

Mas eu vou pro Rio pra te esquecer. Ou pra pelo menos lembrar o porquê de eu gostar tanto assim de você. Que nem disco arranhado do Marcelo Camelo, que eu ouço lembrando de tão pouca coisa sua. Então chacoalho a cabeça numa tentativa de espantar você do pensamento, no meio do aeroporto.

Sorrio pra aeromoça e ensaio contar pra todo mundo como eu vou te esquecer.
E eu te esqueci.
Mas na volta eu lembrei de você. De novo.

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