domingo, 17 de novembro de 2013

Do amor

Se o amor pudesse ser algo, seria acontecimento.
E se até a vida desacontece, quem dirá o amor.

E por que precisaria de provas? E por que seria feio ser um clichê?
No final das contas é uma palavra, que se prova e se exaure em si mesma da boca pra fora.

Os medos, os enganos, os "talvez" não cabem dentro dessa palavra.
A tornam opaca, a transformam em mil outros sentimentos que não o amor.

Entre suas quatro letras caberia, por exemplo, a invenção.
São pequenos detalhes multiplicados em feições distorcidas pelo brilho de um desejo.

Aí a expressão não cabe no grito e o grito foge da vogal.
Se pudesse falar do amor, diria que ele cria portas.
Abri-las ou fechá-las são decisões pontuais em reticências.
Faz parte do círculo da vida, se ela se formasse geometricamente.

Nos enquantos e entretantos estamos abertos.
Entre e não se acomode.

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