segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Sossego

Têm dias que tudo para de importar. É como se as coisas e as pessoas ficassem suspensas no ar, em silêncio. Mantendo um movimento espantosamente estático. Como se fosse um apelo do sossego, um grito instalado no peito, que trava um duelo na garganta, dando nó.

Às vezes o tempo passa e fica complicado lutar contra a gravidade para deixar penduradas as coisas com as quais não podemos lidar. A impossibilidade desse ato deixa o ar rarefeito e faz com que o que nos veste se transforme em peso, mesmo que estejamos nus.

E ainda tentamos jogar luz em todos os cantos, espalhar clareza e claridade onde não há mais estrelas, nem mesmo o sol. Ficamos tentando ocupar esses lugares escuros e aos poucos vamos perdendo a energia. Até que... Até que vem um apagão. Só que enquanto dura em sua dureza temos a oportunidade resgatar e recriar energia para que a luz volte. Tentamos nos tornar holofotes, focados e fortes só no que (nos) interessa. Mas a tentação da partilha chega como uma criança acanhada com medo do escuro, ou um velho que só quer um abraço, um olhar.

Restabelecemos o (des)equilíbrio das coisas e pessoas até que chega a hora delas ficarem suspensas no ar novamente. Será que com o passar dos anos elas demoram mais para voltarem aos seus lugares? Ou somos nós que prolongamos seu estado? Não sei. Mas ainda sinto o sossego querendo voltar.

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