quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vem?


É que já deixamos de amar tantas vezes...
Por medo, receio, preconceito velado.
Por acharmos não sermos merecedores de algum tipo de alegria.

No momento da escolha não notamos que precisamos aprender a amar.
Talvez amar a viver.

Viver consiste em quem, não quando, nem onde, nem como.

Generalizamos.
Mas aonde vamos é além de quem somos.

Se não nos entregarmos à vida, a quem mais iremos nos entregar?
E todos os personagens que percorrem as vielas de cada corpo, merecem se econtrar, felizes ao lado de alguém.

Vem?

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fugitivo

É que às vezes temos que fugir de nós.
Tentar ser igual a qualquer outra pessoa por termos consciência de que somos muito do que não queríamos ser.
Denegamos tudo e revelamos mais do que gostaríamos entre uma palavra e meia.

Às vezes somos coisa, só uso, sem fruto.
Às vezes somos raros, diferentes de nós.

Também podemos ser belos, por conhecermos o papel que encanta nossos espectadores.

Quem diz que não se conhece, mente os defeitos.
Quem diz que não se conhece está pensando na lista de desagrados,
que se fosse coisa boa saberíamos de cor, de forma até "camoniana".

Há de vir mais enganos e recomeços, perdas de memórias no esplendor de nossa identidade eterna.

Só podemos mudar se identificamos, aceitamos e amamos, mesmo sem gostar, cada parte má, nefasta e sem amor que possuímos. E mesmo assim, a mudança pode ser só uma passadinha de pano nas sujeiras do (in)consciente.

É que é tão mais fácil escapar de tudo isso.
Viver como clandestinos do eu, ilegais em nosso próprio corpo.
Fugitivos da utopia de sermos quem queremos ser.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

O absurdo

Observava o movimento a seu redor: era retangular.
Estranho como não sentia mais como antes.

Era imprevista no ciclo de alterações mundanas sofridas por almas em construção, uma surpresa.
As sensações não vinham mais como antes e as palavras haviam endurecido.

Será que era o deserto?
Desencarnado na exata forma de não ser?

Era então folha que não voava com o vento, aquela que fica grudada no chão.
Era flor que não queria ser colhida, amor que não queria ser amado, tristeza que não queria ter fim.
Contradições tão clichês que nem chegavam a ser opostas.

Faziam parte do mundo pós qualquer coisa e era comum ser coisa nenhuma.
E se tivesse tempo?

Algo extra do que nossa vida efêmera...
Será que haveriam segundos para admirar as repostas que existem ao nosso redor?

Na garganta os nós do passado com o presente com o jamais possível, se mistificavam em saudade.
E a voz volta a incomodar, talvez devesse criar palavras para mudar ou emudecer o real absurdo.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Gato dentro d'água

Talvez nessa vida (não) tenhamos que nos acostumar a ser gato dentro d'água.

Ser um gato imerso faz parte do que pensamos ser a vida ideal, mas pra quem está lá, consciente,  ensopado de contradições à sua essência, é insuportavelmente letal.

Um mal súbito, viver em desencontro a nós mesmos.
Observamos traços em quem nos rodeia que nos ferem, que nos incomodam como ser humano vivente e pensante.
E vem o medo da igualdade, pois o que somos além de um reescrito do meio em que estamos?

Nossa voz revela, só, o que nenhuma mentira encantada pode velar.
Só quem espera sabe receber.
O que representa algo que vale a pena ser vivido, só será presenteado aos que sabem receber. Não que outros não ganharão e vencerão, mas sua vitória não terá o gosto de um sonho real, será só uma insossa experiência qualquer.

É impossível fazer algo repleto de significado todos os dias, mas que pelo menos o cotidiano não seja um sacrilégio ao que nos é sagrado.
O que somos e o que construímos, o que acreditamos e fazemos será o único patrimônio perene para a vida de outros, para quem não conhecemos, para nossos filhos.