Alguns cortes não fecham.
Ficam abertos para mudanças de forma e conteúdo.
Conviver é viver com e não viver por.
Levante voo para onde o seu vento for, não mude seu rumo por quem não lhe considera parte essencial de sua vida.
São muitas contas, muitas coisas, muitas pontas do laço da vida que não precisam se juntar.
Às vezes é melhor deixar uma ponta solta para trás do que lacrar acordos de um lado só.
Não coisifique, adjetive, afinal, a vida é sempre uma situação e não uma definição.
Engula seco, olhe fixamente e durma pouco, mas desvie do que não é pra ser seu.
O ressentimento é inflamável e o que não pode ser observado à distância exige pele.
Mate um dia por não e nasça um novo sol a cada sim.
O amor é negociável, mas o tempo não.
Deixe estar em você.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
Zula.
Talvez a gente só ame mesmo, quando deixamos o melhor do outro mudar tudo em nós, por querermos e sabermos que mudar, dessa forma, é natural.
Mudar o cabelo,
a casa,
o jeito
e o vocabulário.
Nada melhor do que deixar as palavras de outros se tornarem nossas, sem denegação.
Um jacaré vira um cacaré
e as cores mudam, chegando o memelho e o zul.
Aí, na altura máxima, deixamos mudar nosso nome.
Zula.
A gente só vai saber (se é que é aprendível, tangível, racionalizável) amar, se deixar o outro reavivar, em nós, memórias que ainda vão ser construídas.
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Mar(é)
Um looping interno e eterno. Parece que é assim que estamos agora, eu e meus outros eus, que eu nem imagino quem sejam, mas que se mostram mais do que eu gostaria e contradizem o que eu digo sobre mim.
Sentimento de ser um siri em sua toca. Sabe, aqueles que ficam na praia, no subir e descer das marés, com um furinho sobre sua casa, mantendo-se vivo para poder sobreviver? Ou seria o contrário?
Parece pleonasmo, mas, sob o vem e vai das ondas, ele fica imerso, esperando as lágrimas da terra irem embora, para que possa se arriscar, sem respirar, a ir atrás do que o deixa sobreviver: alimento.
Algo capaz de nutri-lo para que possa, com calma, respirar novamente em sua toca.
Engraçada essa diferença entre viver e sobreviver. O siri parece vivenciar suas mais intensas experiências (que devem existir de uma maneira bem crustácea) dentro de sua toca. Abaixo de nossos pés, enquanto caminhamos na praia, vivenciando as nossas.
Inevitavelmente vem o momento em que ele precisa sair dessa existencialidade poética e marítima e partir para uma caçada substancial, atrás do alimento que o faz sobreviver.
Gostaria de estar mais para o siri, que aguarda a hora de sobreviver, do que para o humano que sobrevive esperando a hora de viver. Sobrevivência, no segundo caso, que não é substancial, mas existencial.
Parece que sigo sobrevivendo do que basta, esperando o grande momento de viver.
Talvez os que vivem uma sobrevida, tenham mais acesso à vida do que imaginemos.
Uma vida que acontece e depois culmina na sobrevivência, não o contrário. Uma vida em que puramente se existe e reflete e explora ao máximo a estupidez humana, observando-a, como homens invisíveis, os tais mosquitinhos que sempre dizemos querer ser.
E pensar que um siri pode saber mais do que é a vida, em seu sentido mais puro, do que qualquer outro dominante.
Não sei, parece que estou tempo demais embaixo d'água esperando a maré passar.
Sentimento de ser um siri em sua toca. Sabe, aqueles que ficam na praia, no subir e descer das marés, com um furinho sobre sua casa, mantendo-se vivo para poder sobreviver? Ou seria o contrário?
Parece pleonasmo, mas, sob o vem e vai das ondas, ele fica imerso, esperando as lágrimas da terra irem embora, para que possa se arriscar, sem respirar, a ir atrás do que o deixa sobreviver: alimento.
Algo capaz de nutri-lo para que possa, com calma, respirar novamente em sua toca.
Engraçada essa diferença entre viver e sobreviver. O siri parece vivenciar suas mais intensas experiências (que devem existir de uma maneira bem crustácea) dentro de sua toca. Abaixo de nossos pés, enquanto caminhamos na praia, vivenciando as nossas.
Inevitavelmente vem o momento em que ele precisa sair dessa existencialidade poética e marítima e partir para uma caçada substancial, atrás do alimento que o faz sobreviver.
Gostaria de estar mais para o siri, que aguarda a hora de sobreviver, do que para o humano que sobrevive esperando a hora de viver. Sobrevivência, no segundo caso, que não é substancial, mas existencial.
Parece que sigo sobrevivendo do que basta, esperando o grande momento de viver.
Talvez os que vivem uma sobrevida, tenham mais acesso à vida do que imaginemos.
Uma vida que acontece e depois culmina na sobrevivência, não o contrário. Uma vida em que puramente se existe e reflete e explora ao máximo a estupidez humana, observando-a, como homens invisíveis, os tais mosquitinhos que sempre dizemos querer ser.
E pensar que um siri pode saber mais do que é a vida, em seu sentido mais puro, do que qualquer outro dominante.
Não sei, parece que estou tempo demais embaixo d'água esperando a maré passar.
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segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Ponto e vírgula;
(… E parecia que aquele parêntese nunca ia se fechar.
Eram reticências e mais reticências ocupando o espaço de uma vida.
Às vezes surgiam também os pontos de interrogação, que davam um mareado na mesmice de continuar sempre em linha... Em linha com outro, em linha com Deus, em linha com as metas, mas será que em linha com si mesmo?
Já posso ver que a resposta está na pergunta: a alma não segue linhas.
Não segue sequer uma pontuação, onde tudo o que achamos definido com ponto final, ressurgia depois de um travessão. As vírgulas se enganavam também, misturando todos os sentidos enquanto se escrevia a vida.
Mas afinal, quando vamos fechar o parêntese?
E quando fechado, o que será que vai ser de todas as nossas explicações e dogmas, crenças e teorias, que fazemos questão de deixar implícitas?
Já teremos explicado tudo?
Será que somos poucas palavras ou só um ponto (vírgula, espaço, travessão) em um período extenso?
.
Eram reticências e mais reticências ocupando o espaço de uma vida.
Às vezes surgiam também os pontos de interrogação, que davam um mareado na mesmice de continuar sempre em linha... Em linha com outro, em linha com Deus, em linha com as metas, mas será que em linha com si mesmo?
Já posso ver que a resposta está na pergunta: a alma não segue linhas.
Não segue sequer uma pontuação, onde tudo o que achamos definido com ponto final, ressurgia depois de um travessão. As vírgulas se enganavam também, misturando todos os sentidos enquanto se escrevia a vida.
Mas afinal, quando vamos fechar o parêntese?
E quando fechado, o que será que vai ser de todas as nossas explicações e dogmas, crenças e teorias, que fazemos questão de deixar implícitas?
Já teremos explicado tudo?
Será que somos poucas palavras ou só um ponto (vírgula, espaço, travessão) em um período extenso?
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