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quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Minha casa

Meu coração é uma casa.
Nela tem teto, chão, paredes, dois quartos e uma sala-cozinha. É um canto comum, um lar.

Todo mundo que lá entra, já desenha seu espaço preferido no chão, traz flores, decora, escolhe uma música e senta. Às vezes a casa está cheia de gente, às vezes só uma pessoa já a superlota e em outras eu mesma me basto.

Já houve demolição, rearranjo, desconstrução, mudança de móveis, depredação. E cada pessoa que lá mora fez parte de um processo. Ou vários.

Lá, mesmo que vá embora, sempre haverá morada para quem esteve, para quem foi sem convite e para quem apareceu com hora marcada.

De fora, pela janela, se você prestar bem atenção, vai ver sempre uma torta de maçã, uma massa acompanhada por um bom vinho, cachorros tomando conta dos sofás e marcas de mãos de criança na geladeira. Sempre vai ter passagem, tempo e alguém.

Às vezes eu fujo de casa, não estou. Fico do lado de fora, tentando entender e até esquecer algumas das mudanças que aconteceram lá dentro. Vejo fotos no teto, quadros sobre as mesas e lençóis no chão. Aí eu aceito e entro, retorno para a essência que, mesmo desorganizada, ainda é a mesma.

Lá é lugar de muitas coisas, de muitas pessoas, de construção. Tem passarinho solto e gente na gaiola. É de lá que sai o que crio, das ilusões aos assobios. É ali que construo o que sinto, do erro ao desafio.

Meu coração é uma casa. A minha casa.
E é sua também, pelo tempo que precisar ficar.
Quer entrar?

domingo, 28 de junho de 2015

Cigarra (parte 2)

Saí de casa correndo, descabelada, colocando o sapato na rua.
Não tinha nenhum compromisso importante, era mais um ritual. Todas as manhãs caminhava até a livraria na rua debaixo da minha casa e pontualmente sonhava às 9h da manhã.

Cheguei, sentei, pedi um café.
Há alguns meses eu tinha esse estranho hábito de ir até lá e sentar sozinha, esperando que algo de maravilhoso acontecesse.

O café chegou, sem açúcar, do jeito que eu gostava. Enquanto o tomava, olhava para a porta, apreensiva. Era como se tivesse um trato com os universos paralelos para que aquela imponente porta de madeira maciça fosse o portal do amor da minha vida. Toda vez que lembrava disso, ria sozinha da minha imaginação.

Acabei meu café e deixei esses e outros pensamentos utópicos ao lado da xícara para que continuassem no dia seguinte. Será que a vida ainda reservava algo estranhamente maravilhoso para nós? Ah, que besteira.

Saí da livraria, caminhava descompromissada de volta para casa, pensando nos afazeres do dia.
Olhei para minha árvore favorita, com folhas amarelas, que já mostravam sinal de que o outono chegava ao fim.
Tropecei numa pedrinha que chamou minha atenção para o caminho. E foi aí que o vi.

Disfarcei meu rubor, mas ele me olhou. Parecia que tinha me visto bem antes de eu notar sua presença, bem antes, até, de nos encontrarmos. Era como se eu tivesse virado vidraça. Como se as batidas do meu coração fossem as cigarras que habitavam aquela árvore, cantando todas juntas, desacorçoando meus passos.

Fiquei paralisada, não sei dizer bem o porquê.
Percebi ele se aproximar e senti dentro de mim algo novo.
Muito mais que o amor.

(Continua - terceira parte: Inverno - http://giuliagambassi.blogspot.com.br/2015/07/inverno-parte-3.html)

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Formiga (parte 1)

Buscava nos sonhos respostas que só poderiam vir na superfície. O despertador tentou me avisar da hora, mas eu só torcia para que as vibrações do coração chamassem mais atenção que as do celular e que eu não desadormecesse.
 
A força imensa dos possíveis encontros veio, então, me acordar.
Trouxe a sensação de algo que ainda esperava para ser vivido.
Coloquei minha blusa amarela favorita.

Andei como quem se prepara para receber um prêmio.
Peito pra frente, medo pra trás e nariz em pé.
Tropecei.

Meu coração formigava. Vibrações de paixões adormecidas, como pequenas formigas, percorriam meu peito e iam subindo à garganta, até chegarem ao cume. Lá, os comandos de ações têm estado em desordem. Do avesso. Mas não era esse o caso. O caso era o caso que viria.

Continuei andando com a certeza de que ainda existiriam tonturas em primeiros beijos.
Achava que os melhores primeiros beijos eram os dados em bocas conhecidas.
Como quando beijei a Nina pela primeira depois da derrota terrível do Brasil na Copa. Mas o caso não é a Nina. O caso era o caso que viria.

Cruzei um olhar. Pensei: será que é esse? Parei para ver as movimentações que a natureza faz no outono e pensei que o que o amor faz é diferente nos corpos em que habita. Seu poder de transformação cresce quanto mais ficamos parados no mesmo lugar. O que vinha se provando extremamente perigoso.

Parar ou seguir? Não sabia. De repente uma maré ácida de desespero trouxe à tona todos os meus medos sociais. Morreria sozinho?
Então, ela surgiu.

(Continua - segunda parte: Cigarra - http://giuliagambassi.blogspot.com.br/2015/06/cigarra-parte-2.html).





quinta-feira, 11 de junho de 2015

No peito

Atordoante você.
Como uma lanterna na pupila do maçante, alucinante, pulverizante. Você.
Memórias incansáveis de nós.
Lacerando a minha carapuça de quem superou dores inesquecíveis e curou feridas irremediáveis.

Tempo de ir embora.
Que chegou e se foi e agora vem de novo, mostra que se eu ainda tenho que me lembrar de te esquecer é porque você ainda vive em mim, de alguma forma torta e torturadora.

Ah esse tempo que não tem tempo de cumprir seu papel. Me sacaneia.
A cada renovação de neurônios ainda percebo conexões a você.

Ah se coração falasse e saudade matasse, o mundo teria mais histórias do que bocas para contá-las.
A minha boca do peito ainda canta teu nome, mas virão outros nomes, outras dores, outros você.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Sequestro

Queria escrever sobre utilidades, mas gosto mesmo é de juntar palavras sobre o amor e quase histórias reais.
Queria falar sobre acontecimentos importantes, históricos, mas só me sobram dizeres sobre vivências.
E quando arrisco uma fala inteligente, o emocional toma conta e encobre qualquer pensamento ultra-racionalizado.

É que tem gente que sequestra nossa atenção. Rouba nossos hábitos e intenções.
Transborda em qualquer ação ou tentativa de voltar a ser o que era, porque quando estamos encantados esquecemos de colocar máscaras ou fingir emoções: somos o que sobra de verdade.

Ah, os sequestros a coração armado.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Cicatriz do coração fraco

Era amor mesmo.
Por mais que não parecesse, mesmo no desencontro de tempos o amor acontece.
A demora da hora entre uma vida inteira e outra não vai cicatrizar feridas que devem estar lá, para que, assim, o amor ainda possa ficar na nossa pele.

Talvez não seja só desilusão, talvez seja mudez da intuição.
Às vezes é preciso sentir a ferida aberta para ainda deixar os caminhos do coração desimpedidos.

Cicatrizes podem ser bloqueios para o encontro entre almas.
Boa cicatrização deixa o coração fraco, opera, então, o amor descaso, só de caso, bem raso.

E como se fortalecer sem jeito?
Rasgar de novo no peito, o formato do desejo que temos de ser feliz.

sábado, 27 de novembro de 2010

Amor

Uma loucura bem docinha condiz com o que emano.
A primeira impressão que tiver de mim, não vai ser a que ficará na lembrança.
Ainda bem que se você sentir algum sentimento ruim perto de mim, logo vai descobrir que foi um momento e que só coisas boas podem me acompanhar.
No começo não me permito, no meio me entrego demais e depois encontro a medida... mas já é tempo de viver outra sintonia.
Eu estou na boca de todos e no desejo de cada coração.

Eu sou o amor, muito prazer.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Quem vai sempre em frente não chega a lugar nenhum.

São tantas sílabas de sentimentos formando meus pensamentos.
Cada palavra derruba e reconstrói o mundo que está ao meu redor.
Queria poder elevar meu coração e usá-lo como coroa e não como explicação.

É difícil nos permitir fazer o que queremos, estamos sempre amarrados a algum tipo de obrigação inexistente. Estou tentando de verdade me reconciliar com a minha vontade, com aquele sonho que tem tudo pra dar certo.
Às vezes é quase impossível dizer a verdade, nem que seja monossilábica: Sai! Não! Sim! Vai!
Queria apontar a direção e seguir sem pensar o que a minha intuição diz.

Eu recrio, mudando o ponto de vista de estar agora, aqui.
Eu deixo qualquer coisa parecer um sinal e acredito... talvez assim eu consiga despistar o que não pode ser feito ou dito e continuo.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Palavra empenhada

E as falas articulam-se durante uma noite sem sonhos, prontas para encontrar um caminho que você entenda.
As palavras se empenham para significar os sentimentos, mas é tudo em vão.
A realidade chega aturdindo a entrega e é melhor emudecer.

Volto ao começo, como uma contagem regressiva de emoções, que, ao terminar, deixará meu coração repleto de novas.

É pior quando tudo é previsível.

Surpreenda-me.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Sorte

Aceite o fim, assim como o começo.
Encontre a si, não tema o outro.

Não se envolva em suas próprias mentiras e encare, ainda de cima, os seus erros.

Deixe o coração seguir e o antigo rumo, partir.


Encontro exatamente o que evitei e vejo nos seus olhos tudo o que não deveria.

Um biscoito da sorte me disse: Costumamos encontrar nosso destino justamente onde nos escondemos para evitá-lo.