Buscava nos sonhos respostas que só poderiam vir na superfície. O despertador tentou me avisar da hora, mas eu só torcia para que as vibrações do coração chamassem mais atenção que as do celular e que eu não desadormecesse.
A força imensa dos possíveis encontros veio, então, me acordar.
Trouxe a sensação de algo que ainda esperava para ser vivido.
Coloquei minha blusa amarela favorita.
Andei como quem se prepara para receber um prêmio.
Peito pra frente, medo pra trás e nariz em pé.
Tropecei.
Meu coração formigava. Vibrações de paixões adormecidas, como pequenas formigas, percorriam meu peito e iam subindo à garganta, até chegarem ao cume. Lá, os comandos de ações têm estado em desordem. Do avesso. Mas não era esse o caso. O caso era o caso que viria.
Continuei andando com a certeza de que ainda existiriam tonturas em primeiros beijos.
Achava que os melhores primeiros beijos eram os dados em bocas conhecidas.
Como quando beijei a Nina pela primeira depois da derrota terrível do Brasil na Copa. Mas o caso não é a Nina. O caso era o caso que viria.
Cruzei um olhar. Pensei: será que é esse? Parei para ver as movimentações que a natureza faz no outono e pensei que o que o amor faz é diferente nos corpos em que habita. Seu poder de transformação cresce quanto mais ficamos parados no mesmo lugar. O que vinha se provando extremamente perigoso.
Parar ou seguir? Não sabia. De repente uma maré ácida de desespero trouxe à tona todos os meus medos sociais. Morreria sozinho?
Então, ela surgiu.
(Continua - segunda parte: Cigarra - http://giuliagambassi.blogspot.com.br/2015/06/cigarra-parte-2.html).
Nenhum comentário:
Postar um comentário