Invocava o amor com a força de seis ciganas e quatro leitoras de tarô.
Forçava o desejo e cravava o corpo na intenção do outro como se jogasse búzios.
Eram inúmeras as encruzilhadas e nem me deixe começar a falar da projeção astral - afinal, hoje, projetar é amar em modo narcísico.
Insuportavelmente via o desejo distorcer distâncias e alongar (por demais) situações que nasceram e morreram pontuais. Era um baile dos mortos pela vivência de uma ilusão. Um carnaval com mais cinzas do que dias de duração.
Forjar intimidade - via isso se repetir por todo lugar. Estávamos todos viciados em ver potencial no outro de algo que nem nós poderíamos oferecer.
E na verdade o desejo trocava de pele. De tempos em tempos mudava a carne e preenchia outros olhares.
Não queria forçar nada, mas se pegava com o fórceps na mão. Sua intenção era um crime irremediável.
E ainda torcia para que viesse à luz o amor abrangente, livre... em sua dilatação naturalíssima do impossível.
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