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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Intimidade forjada

Invocava o amor com a força de seis ciganas e quatro leitoras de tarô.
Forçava o desejo e cravava o corpo na intenção do outro como se jogasse búzios.
Eram inúmeras as encruzilhadas e nem me deixe começar a falar da projeção astral - afinal, hoje, projetar é amar em modo narcísico.

Insuportavelmente via o desejo distorcer distâncias e alongar (por demais) situações que nasceram e morreram pontuais. Era um baile dos mortos pela vivência de uma ilusão. Um carnaval com mais cinzas do que dias de duração.

Forjar intimidade - via isso se repetir por todo lugar. Estávamos todos viciados em ver potencial no outro de algo que nem nós poderíamos oferecer.
E na verdade o desejo trocava de pele. De tempos em tempos mudava a carne e preenchia outros olhares.

Não queria forçar nada, mas se pegava com o fórceps na mão. Sua intenção era um crime irremediável.

E ainda torcia para que viesse à luz o amor abrangente, livre... em sua dilatação naturalíssima do impossível.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Narcisismo

Aquele momento em que você tem a impressão de estar desperdiçando mundo.

O dia em que você acorda querendo partir para uma realidade paralela e vai dormir querendo voltar àquele tempo em que a realidade era igual a essa, mas, nele, você se julgava feliz.

Felicidade distante... Dançante entre o ontem e o ano que vem.

Culpa ergométrica assumida pelo bem do outro, mas que se instala no centro do senso e vai corroendo tudo de dentro para fora. Yoga traiçoeira que fortalece o lado errado da alma.

A pior rejeição é aquela que vem de dentro. Está tão em seu lugar que a sentimos em todos, a criamos nos outros e ainda achamos que não somos culpados.

E você achando que o reflexo no espelho era a única contradição narcísica de hoje.