E como pode coisa dessa? Menina que já tem idade impressa em documento agigantar de um dia para outro? "É doença...", disse a tia, "é loucura", disse a vó, "é contagioso", pensou consigo mesma. Mas antes fosse.
Já fazia algum tempo que sua pose encolhida não ornava com o abrilhantado olhar que semeava por corpos outros. Sentia um incômodo na ponta dos ossos, mas como quem agarra um sonho, não deixava que eles esticassem nem um pouquinho só. Seguia encolhida para parecer pequena, pois acreditava que a percepção dos outros estipulava seu tamanho e era inconcebível mudar isso. Já pensou o choque?
Um dia se viu presa frente a uma poça d'água e percebeu um outro eu distorcido no olho de quem olhava. E quem era aquele que olhava? Era ela. Era ela? Pensava, pensava, pensava. Refletia sobre como ela nunca tinha olhado para o próprio reflexo. Nunca tinha tentado se ver, só via o que os outros diziam ver, afinal a maioria sempre está certa, não é mesmo? Não. Começou a pensar e a se olhar e a acolher seus sentimentos, seus medos, seus erros, seus eus e de repente as pernas, os braços, os dedos, a cabeça e por que não os pés, assumiram outro tamanho. Maior, quase contundente. Assustada, procurou algum lugar em que sua imagem coubesse, pois aquela poça era pequena demais àquela altura.
Resolveu trocar a opinião deles por um espelho e não foi que deu certo? Conseguiu se ver e o espanto e medo que a dominavam foram trocados por um sorriso. O encolhimento foi exorcizado por um brilho que nunca tinha visto antes: o seu próprio. Sem desvios em lentes alheias.
Saiu andando com seus passos de gigante, deixando para trás a aparência que não lhe cabia mais. Pararam ela na rua mais vezes do que seus grandes dedos poderiam contar, sempre dizendo: "nossa menina, como você cresceu!" e ela respondia sorridente a cada pessoa que estranhava seu tamanho: "não cresci, não, só parei de me encolher".
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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
É menina
Saudade do cachorro.
Saudade da vó.
Saudade dos finais de semana.
Saudade da mãe.
Saudade da primeira irmã.
Saudade das minhas meninas.
Saudade de dar aula.
Saudade de aprender mais e mais música.
Saudade dos lugares.
Saudade do futuro.
É menina a minha próxima saudade.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Um sonho e uma menina.
Eu queria voltar a ter sonhos de menina.
Aqueles que a gente desenha no caderno e sente intensos calafrios.
Quando eu era menina, uma verdade me culpava e me fez preencher uma mentira com minha história.
Foi um amor de mulher em um sonho de menina.
Acho que eu parei ali, buscando sinais em qualquer coração de que vale a pena seguir acreditando.
Da onde mais viria a certeza se não de mim mesma.
Você deveria escolher pelo seu sentimento, não pelo que crê sentirem os outros.
Mas as nossas escolhas são feitas para os outros, para o que eles pensam, para onde eles nos deixarão chegar e não para nós mesmos.
Queria que os outros decidissem que é melhor caminhar sozinho e apagassem o amor.
Mas aí a vida não seria caminho, seria fim.
Prefiro seguir em ilusão do que estagnada em certeza.
E volto ao meu dilema...
Um sonho e uma menina.
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