terça-feira, 10 de julho de 2012

Ser coisa nenhuma.

Quem diria que o amor adolescente, infantil, é o mais inteligente?

Ele simplesmente é o que nasceu pra ser: incondicional, inquestionável, impossível, projetado, entre tantos outros "in", "im" e "ados".

 É, enfim, amor puro, sem medo, sem experiências anteriores pesando no seu caminhar, sem corcundas e feridas, sem o excesso do passado arrastando nosso calcanhar.

Exatamente por ser adolescente, não chega ao fim, é interrompido por algum motivo bem maluco ou bem racional, comum na impulsividade do novo. Então, fica na memória e na saudade do peito.

Sempre queremos acreditar que a compreensão do amor e a possibilidade dele ser verdadeiro vêm com a maturidade, mas, na verdade, quanto mais aprendemos, mais difícil fica de sentir o irracional. Quanto mais andamos, mais impossível é amar o que não precisamos, pois a única coisa que levamos pela vida e depois dela, é o que não conseguimos deixar pra trás: nossas vivências, nossas loucuras e nossos amores, enfim, a bagagem mais pesada do mundo.

Precisamos amar nossos filhos, amigos, parentes, entre outros entes, mas o amor gratuito, aquele que olhou, bateu e nem precisou ter voltado, não tem sentido pra gente.

Os adultos procuram sentido em tudo, faz parte da filosofia de ser qualquer coisa, o que finda em uma vida sem sentidos e sem ser coisa nenhuma.

Afinal, a pergunta nem é "o que é o amor?", mas sim "como podemos voltar a amar?".

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Balão


Mover-se é difícil.

Mudar as tangentes que limitam nossos caminhos tem um tom de impossível.
Mas aí que nos deram o pensamento...
E deixaram que fizéssemos reforma, ao menos, nos traços ideais.

E é nele que me liberto,
No pensamento aberto e cheio de preceitos,
que meu ego não deixa ir muito longe,
mas que a alma faz voar que nem balão.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Vem?


É que já deixamos de amar tantas vezes...
Por medo, receio, preconceito velado.
Por acharmos não sermos merecedores de algum tipo de alegria.

No momento da escolha não notamos que precisamos aprender a amar.
Talvez amar a viver.

Viver consiste em quem, não quando, nem onde, nem como.

Generalizamos.
Mas aonde vamos é além de quem somos.

Se não nos entregarmos à vida, a quem mais iremos nos entregar?
E todos os personagens que percorrem as vielas de cada corpo, merecem se econtrar, felizes ao lado de alguém.

Vem?

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Fugitivo

É que às vezes temos que fugir de nós.
Tentar ser igual a qualquer outra pessoa por termos consciência de que somos muito do que não queríamos ser.
Denegamos tudo e revelamos mais do que gostaríamos entre uma palavra e meia.

Às vezes somos coisa, só uso, sem fruto.
Às vezes somos raros, diferentes de nós.

Também podemos ser belos, por conhecermos o papel que encanta nossos espectadores.

Quem diz que não se conhece, mente os defeitos.
Quem diz que não se conhece está pensando na lista de desagrados,
que se fosse coisa boa saberíamos de cor, de forma até "camoniana".

Há de vir mais enganos e recomeços, perdas de memórias no esplendor de nossa identidade eterna.

Só podemos mudar se identificamos, aceitamos e amamos, mesmo sem gostar, cada parte má, nefasta e sem amor que possuímos. E mesmo assim, a mudança pode ser só uma passadinha de pano nas sujeiras do (in)consciente.

É que é tão mais fácil escapar de tudo isso.
Viver como clandestinos do eu, ilegais em nosso próprio corpo.
Fugitivos da utopia de sermos quem queremos ser.