Há quem diga que quando a gente aprende a se amar, o amor verdadeiro, de outra pessoa, vem também. Finalmente aquela maravilha idealizada vai chegar no momento certo, na hora certa. Mas isso não é necessariamente verdade.
Primeiro porque não acho que amor é algo que aprendemos, mas algo que permitimos, seja em relação ao outro ou a nós mesmos, seja consciente ou inconscientemente. Segundo porque acredito que quando você descobre o que o faz ser você mesmo e deixa-se amar cada pedacinho de suas imperfeições e de suas qualidades (se não todas, uma boa parte), na realidade você se depara com um monte de gente perdida ou nada a ver com você, que antes eram potenciais amores ou amigos.
Não que essas pessoas não existissem antes ou que tenham mudado da noite para o dia, elas estavam lá, mas estávamos tão entretidos com nossas inseguranças, que não olhamos para elas de verdade e achamos que elas poderiam ter algo a ver com a gente, que iriam trazer algo bom pras nossas vidas, mas não.
Pessoas novas também se aproximam e, por incrível que pareça, pela primeira vez nos damos o direito de dizer não e de afastar energias que não queremos por perto, não porque amor é orgulho, mas porque é cuidado e atenção. Porque qualquer coisa não serve mais. Porque conformar-se e adequar-se não é mais prioridade. Mas, sim, ser e receber intensamente, deixar o coração falar e duvidar do que não aquece o peito.
Além disso, não é porque você se ama e se respeita que o amor da sua vida vai bater à sua porta. Você só vai saber com um pouco mais de clareza quais portas fechar e em quais pode bater.
Amar-se talvez também seja entender que ninguém é perfeito, começando pela gente. Idealizar alguém é um veneno, seja o outro ou o ser refletido no espelho. Quem sabe não estaremos prontos para amarmos e sermos amados por inteiro ao acolhermos a nós mesmos, integralmente... Com cabelo em pé, cara de sono e falta de disposição ou vontade.
Amar-se talvez seja permitir que todo amor seja verdadeiro, pois ele já tem morada lá dentro e não se importa mais com o que não mora no peito.
quarta-feira, 30 de setembro de 2015
sábado, 26 de setembro de 2015
Família
Pelas famílias que deixam de existir quando acaba o amor...
Quando se quebram, ou se perdem, até se esquecem...
Pelas famílias que são forjadas por pais que recebem crianças indesejadas e que as negligenciarão, as forçarão a trabalhar e não irão garantir sua segurança, seu desenvolvimento como seres humanos, sua formação como cidadãos...
Pelas crianças que não conhecerão o amor incondicional de alguém que as quer perto, que não terão sua comida preferida feita no dia de seu aniversário e que não levarão uma bronca daquelas que constroem caráter.
Pelas crianças que vão passar frio e fome e que terão que ser fortes quando a sociedade as ignorar todos os dias.
Pelas crianças que serão abusadas por pessoas com o mesmo sangue.
Pelas crianças que serão abusadas por pessoas com sangue diferente, mas função parental ou função nenhuma.
Pelas crianças que não terão o direito de serem crianças. De serem amadas e acolhidas.
Pelas crianças que deixarão de ter e ser família porque alguém decidiu que o amor deve ser formatado. Que o amor tem que se enquadrar em rótulos.
E quando o poder é das pessoas que têm medo de conhecer todas as formas de amar, acontecem absurdos. Elas não deveriam poder decidir por aqueles que são os mais puros, cheios de amor e livres de preconceitos.
Cada criança tem sua individualidade, seu jeito, seus traços. Se todos somos diferentes por que as famílias, união do que cada indivíduo envolvido tem de melhor, deveriam seguir um padrão?
Ao invés de dinheiro no farol, deveríamos poder dar luz para o coração das nossas crianças.
Amor e luz.
Mas agora é proibido amar, já já será proibido ser feliz, pois não somos livres há tempos.
Quando se quebram, ou se perdem, até se esquecem...
Pelas famílias que são forjadas por pais que recebem crianças indesejadas e que as negligenciarão, as forçarão a trabalhar e não irão garantir sua segurança, seu desenvolvimento como seres humanos, sua formação como cidadãos...
Pelas crianças que não conhecerão o amor incondicional de alguém que as quer perto, que não terão sua comida preferida feita no dia de seu aniversário e que não levarão uma bronca daquelas que constroem caráter.
Pelas crianças que vão passar frio e fome e que terão que ser fortes quando a sociedade as ignorar todos os dias.
Pelas crianças que serão abusadas por pessoas com o mesmo sangue.
Pelas crianças que serão abusadas por pessoas com sangue diferente, mas função parental ou função nenhuma.
Pelas crianças que não terão o direito de serem crianças. De serem amadas e acolhidas.
Pelas crianças que deixarão de ter e ser família porque alguém decidiu que o amor deve ser formatado. Que o amor tem que se enquadrar em rótulos.
E quando o poder é das pessoas que têm medo de conhecer todas as formas de amar, acontecem absurdos. Elas não deveriam poder decidir por aqueles que são os mais puros, cheios de amor e livres de preconceitos.
Cada criança tem sua individualidade, seu jeito, seus traços. Se todos somos diferentes por que as famílias, união do que cada indivíduo envolvido tem de melhor, deveriam seguir um padrão?
Ao invés de dinheiro no farol, deveríamos poder dar luz para o coração das nossas crianças.
Amor e luz.
Mas agora é proibido amar, já já será proibido ser feliz, pois não somos livres há tempos.
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
Passe
Passe do limite.
Passe o tempo que quiser tirando fotos de si mesmo, da árvore, do poste, de um estranho na rua.
Passe do ponto, passe da hora, passe pra outra.
Passe perfume antes de ir para a cama sozinho.
Passe o maior tempo possível se amando. É bom.
Passe pra trás a ideia de que se achar é ruim. Se ache, se perca, se tenha. Se seja.
Passe alguns minutos lembrando porquê o seu ouvido não é penico, porquê sua vida não é penico, muito menos seu coração. Despenique-se.
Passe o tempo que quiser tirando fotos de si mesmo, da árvore, do poste, de um estranho na rua.
Passe do ponto, passe da hora, passe pra outra.
Passe perfume antes de ir para a cama sozinho.
Passe o maior tempo possível se amando. É bom.
Passe pra trás a ideia de que se achar é ruim. Se ache, se perca, se tenha. Se seja.
Passe alguns minutos lembrando porquê o seu ouvido não é penico, porquê sua vida não é penico, muito menos seu coração. Despenique-se.
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Sobre saudade
Às vezes eu acho que saudade é um sinal do amor. Em outras, acho que é um sinal comum.
No comecinho do amor, aquela pontada de saudade inesperada mostra que devemos prestar atenção no que está acontecendo em nosso coração. Algo novo se aproxima, mesmo que seja de alguém já conhecido, e estamos preparando um espaço dentro da gente para acolhê-lo. Ao mesmo tempo, essa pontada pode ser só uma lembrança de alguém, disfarçada de falta.
Durante o amor é possível sentir saudade de alguém que está ao nosso lado. Pode ser porque a gente antecipa os momentos distantes e até acha que pra tudo aquilo que tem dentro do peito, não haveria vidas suficientes para chegar até o final. Por outro lado, essa sensação pode ser fruto de uma quebra na rotina que vem como aviso, da mesma forma que a gente sente falta (e vontade) quando lembra que no dia anterior não comeu arroz e feijão.
Na despedida do amor, a pontada de saudade é acompanhada de um tipo de dor que só o amor apresenta, que vai mudando e diminuindo até acabar. Mas também pode ser só uma quebra de costume e hábito com que, como em toda dieta, a gente se acostuma.
É difícil desligar o sentir falta do amar, mas a saudade tem vida própria. Se ainda posso e quero ansiar alguma coisa, acho que desejaria algo do amor, mesmo quando confundido com outras coisas.
O que eu ainda espero do amor é que passe, que chegue e que cure. A saudade vem depois.
No comecinho do amor, aquela pontada de saudade inesperada mostra que devemos prestar atenção no que está acontecendo em nosso coração. Algo novo se aproxima, mesmo que seja de alguém já conhecido, e estamos preparando um espaço dentro da gente para acolhê-lo. Ao mesmo tempo, essa pontada pode ser só uma lembrança de alguém, disfarçada de falta.
Durante o amor é possível sentir saudade de alguém que está ao nosso lado. Pode ser porque a gente antecipa os momentos distantes e até acha que pra tudo aquilo que tem dentro do peito, não haveria vidas suficientes para chegar até o final. Por outro lado, essa sensação pode ser fruto de uma quebra na rotina que vem como aviso, da mesma forma que a gente sente falta (e vontade) quando lembra que no dia anterior não comeu arroz e feijão.
Na despedida do amor, a pontada de saudade é acompanhada de um tipo de dor que só o amor apresenta, que vai mudando e diminuindo até acabar. Mas também pode ser só uma quebra de costume e hábito com que, como em toda dieta, a gente se acostuma.
É difícil desligar o sentir falta do amar, mas a saudade tem vida própria. Se ainda posso e quero ansiar alguma coisa, acho que desejaria algo do amor, mesmo quando confundido com outras coisas.
O que eu ainda espero do amor é que passe, que chegue e que cure. A saudade vem depois.
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