Mostrando postagens com marcador limite. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador limite. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Passe

Passe do limite.
Passe o tempo que quiser tirando fotos de si mesmo, da árvore, do poste, de um estranho na rua.
Passe do ponto, passe da hora, passe pra outra.

Passe perfume antes de ir para a cama sozinho.
Passe o maior tempo possível se amando. É bom.
Passe pra trás a ideia de que se achar é ruim. Se ache, se perca, se tenha. Se seja.

Passe alguns minutos lembrando porquê o seu ouvido não é penico, porquê sua vida não é penico, muito menos seu coração. Despenique-se.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Refém

Refém do mar que habita meus olhos. Que foge das barreiras construídas com pedras e vidro.
Que escapa entre os dedos e me leva nas correntezas dos sentimentos que não conheço.

Refém das minhas ideias e das mechas do cabelo que não controlo. Dos desejos que não quero ter, mas me têm.

Refém dos programas de TV que me dizem qual é o comportamento mais seguro.
E dessa mania de querer segurança, sem entender que violência é a reação humana ao que nos condicionamos a partir do mundo.

Ainda procuramos nos signos astrológicos justificativas para os traços insuportáveis do outro. Somos reféns de projeções e expectativas.

Refém da necessidade de ser olhado, da necessidade de ser necessário.
Das interpretações de nossos horários, compromissos e prioridades.

E se tem vezes em que trocamos horas do dia por horas de sono e horas de sono por momentos de clareza, somos reféns da regra do horário.
Então, permitir-se estar em paz é um desafio que compete com o relógio.

É preciso humildade para aceitar o amor, quando o encontramos sem estar procurando-o. Mas será que a essência humana deixa de procurá-lo?
Não sei. Somos reféns das modularizações e das regras de relacionamento.

Somos reféns do que não aceitamos, do que não tratamos, do que não alcançamos.
Mas o maior cativeiro do mundo é a nossa cabeça.
Somos, em primeiro lugar, nossos próprios reféns, encarcerados em adequação social, emocional, existencial.

Somos reféns do limite num território sem fronteiras.
Deslimite-se.