Tenho certeza de que daquela vez encontrei o amor da minha vida. O único. O cara.
Aquele que representava tudo o que eu queria ter e ser. Que tinha os mesmos gostos, gestos e risos. Os mesmos planos de vida.
Éramos tão parecidos e nos colamos de um jeito... que formamos um mosaico de muito mau gosto.
Lá no núcleo éramos o par perfeito, ideal, mas tínhamos adicionado tantas camadas de desgentilezas e murros emocionais que nos transformamos em uma bola de coisas grotescas. Possessão, descontrole, medo e desamor - um pelo outro e também por nós mesmos.
Ainda acho que aquele era o amor da minha vida.
Mas aquela vida que eu vivia não é mais minha.
Meus risos não se dão pelas mesmas coisas, meus gostos e gestos alçaram outros voos.
Tudo mudou, eu também.
O amor se transformou e o mundo também.
Outras vidas surgem como camadas de pele e há de vir um amor que ficará por várias delas.
Tatuagem.
quarta-feira, 12 de agosto de 2015
Refém
Refém do mar que habita meus olhos. Que foge das barreiras construídas com pedras e vidro.
Que escapa entre os dedos e me leva nas correntezas dos sentimentos que não conheço.
Refém das minhas ideias e das mechas do cabelo que não controlo. Dos desejos que não quero ter, mas me têm.
Refém dos programas de TV que me dizem qual é o comportamento mais seguro.
E dessa mania de querer segurança, sem entender que violência é a reação humana ao que nos condicionamos a partir do mundo.
Ainda procuramos nos signos astrológicos justificativas para os traços insuportáveis do outro. Somos reféns de projeções e expectativas.
Refém da necessidade de ser olhado, da necessidade de ser necessário.
Das interpretações de nossos horários, compromissos e prioridades.
E se tem vezes em que trocamos horas do dia por horas de sono e horas de sono por momentos de clareza, somos reféns da regra do horário.
Então, permitir-se estar em paz é um desafio que compete com o relógio.
É preciso humildade para aceitar o amor, quando o encontramos sem estar procurando-o. Mas será que a essência humana deixa de procurá-lo?
Não sei. Somos reféns das modularizações e das regras de relacionamento.
Somos reféns do que não aceitamos, do que não tratamos, do que não alcançamos.
Mas o maior cativeiro do mundo é a nossa cabeça.
Somos, em primeiro lugar, nossos próprios reféns, encarcerados em adequação social, emocional, existencial.
Somos reféns do limite num território sem fronteiras.
Deslimite-se.
Que escapa entre os dedos e me leva nas correntezas dos sentimentos que não conheço.
Refém das minhas ideias e das mechas do cabelo que não controlo. Dos desejos que não quero ter, mas me têm.
Refém dos programas de TV que me dizem qual é o comportamento mais seguro.
E dessa mania de querer segurança, sem entender que violência é a reação humana ao que nos condicionamos a partir do mundo.
Ainda procuramos nos signos astrológicos justificativas para os traços insuportáveis do outro. Somos reféns de projeções e expectativas.
Refém da necessidade de ser olhado, da necessidade de ser necessário.
Das interpretações de nossos horários, compromissos e prioridades.
E se tem vezes em que trocamos horas do dia por horas de sono e horas de sono por momentos de clareza, somos reféns da regra do horário.
Então, permitir-se estar em paz é um desafio que compete com o relógio.
Não sei. Somos reféns das modularizações e das regras de relacionamento.
Somos reféns do que não aceitamos, do que não tratamos, do que não alcançamos.
Mas o maior cativeiro do mundo é a nossa cabeça.
Somos, em primeiro lugar, nossos próprios reféns, encarcerados em adequação social, emocional, existencial.
Somos reféns do limite num território sem fronteiras.
Deslimite-se.
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quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Submarino
Olho pela janela procurando sinais do temporal que arrebatou tudo por aqui.
Naquele dia eu combinava com céu cor-de-fim-do-mundo.
Mas estava céu azul e sol.
Em uma dança cósmica e mítica, ocorria a entrega.
Mãos sobre o coração para ver se tenho algum controle sobre ele.
Mas ele se dava, sujeito de amor.
Mergulho em minhas águas aparentemente calmas.
Afogo-me em um eu desconhecido. Abrangente.
Submarino em plena superfície.
Sobe a maré. Eu aqui.
Ancorado, enquanto as ondas do que sei nadam até onde não alcanço.
Estático, como isca no anzol.
Naquele dia eu combinava com céu cor-de-fim-do-mundo.
Mas estava céu azul e sol.
Em uma dança cósmica e mítica, ocorria a entrega.
Mãos sobre o coração para ver se tenho algum controle sobre ele.
Mas ele se dava, sujeito de amor.
Mergulho em minhas águas aparentemente calmas.
Afogo-me em um eu desconhecido. Abrangente.
Submarino em plena superfície.
Sobe a maré. Eu aqui.
Ancorado, enquanto as ondas do que sei nadam até onde não alcanço.
Estático, como isca no anzol.
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segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Chocante
Perdeu. E alguém achou.
Estranhamente sem nem estar procurando.
Podia estar chocada, preferia estar chocante.
Malucamente alucinante. Profundamente marcante.
"Com licença", disse como quem não é obrigada.
Ideias na mão, coração na cabeça e asas na língua.
Ecos de planos e ação. Sonho e sonhador. Montanha.
Desconexa profundidade, sofreguidão, não.
Era singular, se viu em um sopro plural.
Tentou juntar todos os pontos que trazia em uma só sentença. Mas eram tantas as expressões que deixavam de ser feitas, que achava difícil colocar sentido em alguma coisa.
Até que ponto (.) (?) (!) (...)
Estranhamente sem nem estar procurando.
Podia estar chocada, preferia estar chocante.
Malucamente alucinante. Profundamente marcante.
"Com licença", disse como quem não é obrigada.
Ideias na mão, coração na cabeça e asas na língua.
Ecos de planos e ação. Sonho e sonhador. Montanha.
Desconexa profundidade, sofreguidão, não.
Era singular, se viu em um sopro plural.
Tentou juntar todos os pontos que trazia em uma só sentença. Mas eram tantas as expressões que deixavam de ser feitas, que achava difícil colocar sentido em alguma coisa.
Até que ponto (.) (?) (!) (...)
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