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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Sinais

No carro que passa, na luz que apaga, no vento que mexe meus cabelos para o lado errado, nas estrelas a muitas luzes de distância, no que esqueço de lembrar e no que lembro de esquecer. Nesses lugares habitam sinais e respostas a serem construídas a partir de pedaços do outro em mim.

(Des)organizando o inconsciente, fertilizando sementes exóticas no que vejo, construindo expressões nos vincos de outras faces, vivo faminta por interpretações. Mesmo que não haja indícios, vou achar um significado para a sua desintenção, para a sua expiração, para o meu desejo de que a nossa vida tenha mais sentido do que razão.

Entendo a falta de significado como incompreensão. O que não pode ser dito ou lembrado, assim está por escolhas que não podemos alcançar. O despertar de uma intenção é sempre plural, entre esquinas e pontes, acertando passos e passados. Não é manobra fácil ou obra da solidão, pois até o silêncio é permitido em conjunto.

Sinais que vejo são declarações do nosso inalcançável íntimo, intimações do nosso subconsciente para vermos aonde podemos parar ou seguir no caminho, pontos que nunca são finais, apenas interrupções e atravessamentos.

Indícios, vestígios, rastros, traços. Representações, recordações ou presságios. Vêm de nós e são para nós, apenas sinais. Vitais.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Gato dentro d'água

Talvez nessa vida (não) tenhamos que nos acostumar a ser gato dentro d'água.

Ser um gato imerso faz parte do que pensamos ser a vida ideal, mas pra quem está lá, consciente,  ensopado de contradições à sua essência, é insuportavelmente letal.

Um mal súbito, viver em desencontro a nós mesmos.
Observamos traços em quem nos rodeia que nos ferem, que nos incomodam como ser humano vivente e pensante.
E vem o medo da igualdade, pois o que somos além de um reescrito do meio em que estamos?

Nossa voz revela, só, o que nenhuma mentira encantada pode velar.
Só quem espera sabe receber.
O que representa algo que vale a pena ser vivido, só será presenteado aos que sabem receber. Não que outros não ganharão e vencerão, mas sua vitória não terá o gosto de um sonho real, será só uma insossa experiência qualquer.

É impossível fazer algo repleto de significado todos os dias, mas que pelo menos o cotidiano não seja um sacrilégio ao que nos é sagrado.
O que somos e o que construímos, o que acreditamos e fazemos será o único patrimônio perene para a vida de outros, para quem não conhecemos, para nossos filhos.