Talvez nessa vida (não) tenhamos que nos acostumar a ser gato dentro d'água.
Ser um gato imerso faz parte do que pensamos ser a vida ideal, mas pra quem
está lá, consciente, ensopado de contradições à sua essência, é
insuportavelmente letal.
Um mal súbito, viver em desencontro a nós mesmos.
Observamos traços em quem nos rodeia que nos ferem, que nos incomodam como
ser humano vivente e pensante.
E vem o medo da igualdade, pois o que somos além de um reescrito do meio em
que estamos?
Nossa voz revela, só, o que nenhuma mentira encantada pode velar.
Só quem espera sabe receber.
O que representa algo que vale a pena ser vivido, só será presenteado aos
que sabem receber. Não que outros não ganharão e vencerão, mas sua vitória não terá o gosto
de um sonho real, será só uma insossa experiência qualquer.
É impossível fazer algo repleto de significado todos os dias, mas que pelo
menos o cotidiano não seja um sacrilégio ao que nos é sagrado.
O que somos e o que construímos, o que acreditamos e
fazemos será o único patrimônio perene para a vida de outros, para quem não conhecemos, para nossos
filhos.
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