Faz algum tempo que a morte tem estado em minha mente, criando contradições metafísicas entre o meu eu e o eu que habito. Vontade de conversar com gente que foi, pois hoje estou mais preparada para interpretar sua luz e seu saber.
E temo que isso se repita (e vai se repetir) com os mestres que ainda não tenho preparo pra conversar das coisas que ainda vou descobrir, saber e conhecer. Aí percebo que deixei de compartilhar o que eu não sei e perdi a oportunidade de aprender com quem mais admiro.
O meu medo não é morrer sem ter feito, dito, dado tudo o que podia, mas de viver meus dias economizando para um grande momento.
Cá entre nós, que momento é maior do que o agora?
Coloque em prática ou em pausa seus dias de preparação, de preocupação e de planejamento.
Pelo menos por um dia, garanta que poderia morrer menos preocupado com o que deixou de ser, de estar, de sentir, de compartilhar e viva.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
terça-feira, 3 de setembro de 2013
O homem nos tempos da fibra
Nenhum neandertal entrando em casulo e saindo Deleuze, Foucault, Abujamra ou Raul Seixas.
Nenhuma disputa entre o bem e o mal, nenhum animal, nem pedra preciosa.
Lá havia alguns sonhos introjetados pelo convívio social, algumas dúvidas existenciais iguaizinhas às dos filmes que gostava tanto de assistir e às dos coleguinhas com quem gostava de discutir (o que mudou o sentimento reconfortante de ter alguém concordando consigo).
Não tinha espelho, nem espantalho.
Nem uma larvinha ou um brotinho de feijão.
Ficou assustado e resolveu perguntar pro outro o que ele via dentro dele mesmo.
Fantasias inefáveis que ele tentava contar em palavras emprestadas.
Descobriu o nada.
E lá ele ficou, revelado, descoberto, desmembrado.
Não sabia se sentia alívio por não ser o único sem nada dentro de si ou desespero por fazer parte dessa nãosidão.
Então pensou: enquanto eu ensaiava esquecer quem eu era, meus erros, meus medos, acebei sendo alguém ninguém, coisa alguma, nada nenhum.
Não tinha jeito. Seguiu sua vida de fibra ótica: um pedaço de vidro que transmitia a luz, mas era incapaz de produzi-la.
Fechava as cortinas de dentro e fazia da alma um guarda-sol.
Marcadores:
Abujamra,
casulo,
Deleuze,
fibra ótica,
Foucault,
Raul Seixas
Assinar:
Postagens (Atom)