Não podia ir pra cama sem um copo de café. Pra ela, nem xícara, nem leite.
Era a rotina, presa em suas próprias contradições.
Mantinha seus eventos cotidianos sem despertar.
Pra ela, viver dormindo evitava que o cotidiano fosse real.
Saía antes pra poder se atrasar.
E nas gavetas organizava tudo para que a bagunça tivesse lugar.
Gostava de ficar ao sol porque sentia frio. Corria estática, não estética.
Pra ela, nem maratona, nem manhã.
Às vezes o pior cansaço se dava por todas as coisas que não realizava.
Todas as vontades que não têm lugar cansam.
O cansaço vinha diariamente para que ela tivesse tempo de sonhar.
E aí, no sonho, realizar era mais fácil do que abrir os olhos.
Pra ela, suas mãos não era suas.
Como quando sonhava que era ela, mas não era.
E não pense que é por preguiça que ela fica assim, sonoramente sonolenta.
Não era culpa do mundo, da direita ou da esquerda. Não havia culpa.
Havia ela.
E ela era assim, uma tradição ensimesmada da contradição do todo.
Era minoria e por isso era todo mundo. Não chegava nem a ser ninguém.
Era nada. Pra ela, nada.
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